Carlos Ávila

Beatles forever

Há 50 anos, quatro cabeludos invadiram o mundo com suas guitarras e instalaram a beatlemania.
Por Carlos Ávila
 
“Eu estava entrando na adolescência quando os Beatles aconteceram no mundo. Ainda tenho lembrança de ‘Love Me Do’ tocando no rádio pela primeira vez. Eles eram poucos anos mais velhos que eu (Paul seis anos a mais, George menos), e a minha geração descobriu um grupo de jovens que fazia a música que queríamos ouvir, mas ainda não sabíamos”. Assim, Marco Antônio Guimarães (músico e compositor mineiro, criador do grupo Uakti) se recorda do aparecimento da mais criativa e famosa banda de rock de todos os tempos: o quarteto britânico The Beatles.
Há 50 anos, os quatro cabeludos invadiram os Estados Unidos com suas guitarras elétricas. A chamada beatlemania começava a se espalhar por todo o mundo, inclusive no Brasil. Por aqui, os jovens também deixaram os cabelos crescer e começaram a empunhar suas guitarras – para escândalo dos puristas da nossa música popular. Surgia o movimento da Jovem Guarda e com ele as primeiras bandas de rock, covers dos Beatles; duas delas fizeram furor na época: Renato e seus Blue Caps e The Brazilian Bitles.
Depois disso, muita água rolou, com os tropicalistas assimilando a linguagem pop e as guitarras de Beatles, Stones & Cia. por intermédio dos Mutantes – o mais inventivo (e ainda não superado!) grupo de rock brasileiro. Uma caixa recém-lançada pela Universal traz todos os discos da lendária banda, formada pelos irmãos Baptista (Arnaldo e Sérgio) e por Rita Lee. Apoiados nos arranjos do maestro Rogério Duprat (o George Martin da Tropicália), os Mutantes foram, realmente, os Beatles brasileiros, mas com personalidade e criatividade bastante para não se tornarem mera cópia dos ingleses de Liverpool – basta ouvir os três primeiros discos deles para comprovar isso.
Ultimamente, em shows e CD, o grupo Uakti (formado pelo já mencionado Marco Antônio e por Paulo Sérgio Santos, Arthur Andrés e Décio Ramos) vem homenageando os Beatles, executando arranjos originais e ousados para diversas de suas canções, inclusive algumas do “Sargent Peppers” e do primoroso white album – pontos altos da banda. Trata-se de versões instrumentais com base no trabalho percussivo que caracteriza o Uakti, utilizando os estranhos instrumentos inventados por Marco (um discípulo de Walter Smetak, com quem estudou quando jovem, na Bahia) – Marimba d’Angelim, Grande Pan, Chori, Peixe etc. – aliados a flautas e piano, basicamente. Dessa forma, clássicos dos Beatles, como “Eleanor Rigby”, “A Day In The Life” e “Something”, são recriados sonoramente, com timbres sutis e rítmica peculiar.
De 1964 – quando se apresentaram nos States apenas com duas guitarras, baixo, bateria e vocais estridentes de um rock ainda primitivo (eles se sofisticariam musicalmente cada vez mais) – a 2014, com o Uakti reinterpretando instrumentalmente suas canções, os Beatles continuam vivíssimos (serão “eternos” como Bach e Beethoven?). O yellow submarine segue em frente atravessando mares sonoros nunca dantes navegados. Beatles forever, ou seja, para sempre.Confira o vídeo com a versão do grupo Uakti para a música “Here comes the sun”.

Retirado do site: https://domtotal.com/blogs/carlosavila/138/2014/08/beatles-forever/

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