Convivendo…

Em tempos de escolha de vidas…

Espaços revistos – aquarela MB 2020

Num final de ano, 2019, um vírus começou a circular. Sem ser levado à sério por muitos, foi entrando por todas as portas: ricas, pobres, velhas, novas, recém construídas. Não havia limites, apenas espaço. No Brasil, os pulmões começaram a falhar, em 2020. Para mim, em março de 2020, quando comecei a trancar as portas para amigos, familiares e qualquer outro tipo de visitas. Descobri-me sem os sorrisos dos meus amigos, sem a reunião para jantar, sem querer sair para qualquer coisa. Com isso, assim como ShirleyValentine, descobri as paredes, não para falar com elas, mas para observá-las com um pouco mais de carinho. Pude ver a cor, a sujeira, as marcas de vidas anteriores e as suposições que cada uma delas trazia para mim, nesses tempos tão difíceis. Mais do que a Netflix, pude acompanhar, em séries, o que cada pedaço de azulejo queria dizer, expressar e gritar. Eu já não temia a solidão. Em busca de mais companhias, adentrei o quintal: algumas árvores floridas, outras com frutas e uma imensidão de vida pelas gramas e pelo chão. Formigas, borboletas, marimbondos, baratas, mosquitos, percevejos, abelhas e tantos outros. Porém, eu não apenas os via, eu os entendia geograficamente no meu quintal. O que cada um, com suas motivações, precisava e ousava para uma vida melhor.

Nesse meio tempo, com as aulas da Faculdade paralisadas, restava-me procurar um novo afazer além das paredes e da natureza, eu precisava reinventar-me. Navegando pela Internet, vi uma moça Luiza Normey fazendo aquarela. Vi umas três aulas e corri para ver os preços dos materiais. Na Amazon, descobri o paraíso. Comprei exageradamente o que precisava.

Os materiais chegaram no dia 09 de abril de 2020. Começava ali, o que eu posso chamar de fuga para bem longe do Coronavírus. Por dias e noites, eu e meu irmão de coração, Urhacy Faustino, produzimos muitas ilustrações. E estamos nessa mesma vibe. Fazendo arte!

 

Edaí?, vocês podem dizer. E, eu respondo: estou aprendendo a viver da melhor forma possível e descobrindo que sozinha eu necessito preocupar-me com os outros e que sem eles, a solidão pode até matar.

Fica a dica!

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