Karlos Chapul, poesia pura!

Karlos Chapul

Passeando pelo Instagram, dei de cara com uns Haicais excelentes. Fiquei admirada com a quantidade de belezas.
Fiquei uns bons dias só curtindo. Passei a seguir o dono dos Haicais e num belo dia, resolvi saber se ele não responderia algumas perguntas para o Postblog. Fiquei feliz quando a resposta veio positiva. Amei as respostas: práticas, inteligentes e sensíveis. Coisas de bom poeta!

Post – Há quanto tempo a poesia invadiu a sua vida?
Karlos – Rio – Tive uma infância de deliciosa solitude poética . Sou literalmente bicho do mato. Talvez por isto creio que o estado poético é parente do estado meditativo. Já o poeta;  chegou por volta dos vinte anos, acompanhado de muitas leituras. Hoje tenho sessenta anos. Digamos que tenho quarenta anos de poetagem.

Post – Como eram os tempos políticos e sociais na época do seu começo como poeta e o que dava para ser feito sem que houvesse dificuldade de convivência na sociedade?
Karlos – No final dos anos setenta eu grafitava pelos muros da cidade o poemínimo : não milito  / militar  / me limita . Eram tempos que caminhavam para o fim da ditadura militar.
Mas meus primeiros contatos com artistas,  não foram com artistas locais. Eram os anos da arte postal. Nos anos 80 meus contatos eram via Correios. Trocávamos arte e poesia envelopados. Foi nesse período que contactei os poetas da Poesia Marginal, ou se,  aquela poesia que se encontrava a margem das grandes editoras. Então o que dava pra fazer era Arte Correios. Havia muito poesia engajada. Mas alguns nomes sobreviveram a esse período. Particularmente … nesse período meu interesse como poeta se voltava para uma das principais mensagens dos concretismo : em tempos velozes,  poemas rápidos. Assim o minimalismo foi se achegando.

Post – Qual a sua formação acadêmica.
Karlos – Brinco que sou reformado em História. Brinco pois considero mais minha formação autodidata. Nunca gostei de escolas,  mas adorava estudar. Então, a criança que não temia a solitude;  tornou-se um jovem leitor voraz .

Post – Cite pelo menos dois poetas marcantes pra você.
Karlos – Não seja cruel. Gostaria de responder assim . De um lado muita coisa do modernismo, e da poesia visual  ( incluindo aí os concretistas ). É o meu lado mais rigoroso. Mas fui jovem nos anos 70/80. Então tem o meu lado desbunde . Oswald, Tropicália, … Movimento da Poesia Pornô, Cacaso,  Glauco Mattoso, Roberto Piva, Leila Míccolis, Artur Gomes, Cairo Assis Trindade. Além de Leminski, Torquato Neto, Waly Salomão … Alice Ruiz;  ou seja muita gente da contracultura brasileira.

Post – A poesia de hoje tem espaço? Que tipo de ajustes o poeta tem que fazer para conseguir um bom lugar na mídia?
Karlos – A mídia da poesia é o tempo. Nem sempre o que é muito divulgado tem importância artística. O tempo é a melhor peneira da arte. Mas isto não significa que o poeta não tenha que espelhar o social. Se temos uma sociedade  da velocidade; então temos que ter uma linguagem veloz. Neste ponto, como já citei o minimalismo muito contribuiu. Creio que poemas com uma linguagem adequada, sempre vai ter seu espaço. Se não na grande mídia;  acaba atingindo o público via mídias sociais.

Post – Quantos livros você tem publicado?
Karlos – Nenhum. E não sou ansioso quanto a isso.  Nos anos 80 publicava em revistas alternativas. Hoje publico nas redes sociais; e gosto muito de fazê-lo. É um contato direto com o leitor.

Post – Poesia Marginal. Fale sobre isso.
Karlos – Quer saber;  o Projeto Haibun é um projeto marginal. Duvido que alguma grande editora queira publicá-lo!  Também há o meu desinteresse. Sabemos que poesia não dá dinheiro. Ai que pregui. . . Se não vai rolar grana;  prefiro distribuí-los gratuitamente. Mas se pintar uma proposta minimamente descente… Afinal Haibun é resultado de pelo menos trinta anos de trabalho intelectual.

Post – Se você pudesse redesenhar a vida cultural do país, o que você excluiria e o que você acrescentaria pelo bem da cultura?
Karlos – Primeiro não acredito em cultura, mas sim em culturas. Esse é um país que não pode se dar o direito de exclusões. Parodiando Oswald : Viva a contribuição de todos os erros e acertos. Não excluiria nada.
Mas acrescentaria música nas escolas. A boa música é um bom caminho para chegarmos na boa poesia nossa de cada dia.

Post – Todo poeta tem um poema de estimação, qual é o seu?
Karlos – No momento meu poema de estimação é Haibun. Haibun é um poemosaico composto de poeminimos. Estes funcionam isolados; mas quando sequenciados contam uma jornada.

Post – Fale sobre o que você quiser falar:
Karlos – Publico diariamente no Instagram: @karloschapul. E também no Facebook. Todos são bem vindos.


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